Comentários referentes ao período entre 19/04/2013 a 25/04/2013
As cotações da soja em Chicago viveram um movimento baixista durante a semana, porém, voltaram a se recuperar parcialmente na quinta-feira (25/04) quando o fechamento ficou em US$ 14,23/bushel, após US$ 14,04 na véspera e US$ 14,30 uma semana antes. Esses altos e baixos no curto prazo ocorrem porque existe aperto na oferta estadunidense. Na prática, os preços estão altos no mercado físico dos EUA, pois é escassa a oferta do produto oriunda da última safra, que foi menor. Esta demanda pela soja daquele país está acima do normal para esta época porque os problemas logísticos brasileiros estão atrasando os embarques de forma considerável já há algum tempo. Tanto é verdade que a China, pela segunda vez, cancelou compra de soja do Brasil após atraso na entrega do produto, para ser embarcado em Santos, em mais de 65 dias. Consta que algumas esmagadoras de soja na China fecharam temporariamente as portas devido a isso. E, por enquanto, a soja argentina está ainda com pouca presença no mercado internacional, especialmente porque o governo local continua taxando as exportações da oleaginosa visando garantir o abastecimento interno.
As exportações semanais de soja dos EUA têm confirmado esse comportamento. Os registros de exportação, na semana encerrada em 11/04, por exemplo, chegaram a 566.800 toneladas, contra 383.700 toneladas na semana anterior. Já os embarques na semana encerrada em 18/04 somaram 135.300 toneladas, acumulando no ano comercial, iniciado em setembro passado, um total de 33,7 milhões de toneladas, contra 29,2 milhões na mesma época do ano anterior.
Todavia, o quadro futuro continua diferente. A ótima oferta sul-americana, associada a possibilidade de um aumento ainda maior na área semeada nos EUA, devido ao atraso no plantio do milho nesse país (o clima continua muito úmido e frio), coloca a tendência dos estoques mundiais de soja a um melhor posicionamento para o final do ano. Assim, Chicago trabalhou parte desta semana cotando o mês de novembro/13 abaixo de US$ 12,00/bushel, Isso representa mais de dois dólares por bushel abaixo dos atuais preços. Vale ainda destacar que a diferença entre maio e o mês seguinte (julho) em Chicago já é de 50 centavos de dólar por bushel para menos.
Paralelamente, a gripe aviária na China, embora aparentemente controlada, começa a fazer estragos no mercado da soja igualmente. No curto prazo, as importações de soja e milho deste país asiático tendem a se reduzir. Consta que o setor avícola chinês, em um mês, já teve prejuízos de quase US$ 3 bilhões.
Nesse contexto, a China anunciou importações de 3,84 milhões de toneladas de soja em março. Isso representa um recuo de 20,4% sobre igual mês de 2012. No primeiro trimestre do corrente ano as importações somaram 11,5 milhões de toneladas, com um recuo de 13,4% sobre o mesmo período do ano anterior. (cf. Safras & Mercado)
Por sua vez, a produção de soja na Argentina deve mesmo ficar em 51,3 milhões de toneladas segundo o Ministério da Agricultura local (embora, nos últimos tempos, todos os dados econômicos oficiais do vizinho país estejam sendo postos em dúvida, devido a manipulações do governo). Todavia, se tal produção for confirmada, a mesma será 28% superior a registrada no ano anterior.
A colheita no vizinho país, até o dia 18/04, chegava a 38% da área, contra 41% em igual período do ano anterior.
Enfim, segundo Safras & Mercado, a área sul-americana de soja chegou a 52,1 milhões de hectares em 2012/13, com a produção estimada agora em 146,3 milhões de toneladas, após 117 milhões no ano anterior. A produção brasileira está estimada em 82,5 milhões de toneladas, a da Argentina em 50 milhões (volume menor do que vem sendo indicado pelo Ministério da Agricultura argentino), a do Paraguai em 8 milhões, a da Bolívia em 2,8 milhões e a do Uruguai em 3 milhões de toneladas.
Dito isso, os prêmios nos portos brasileiros despencaram nesta semana, incluindo Rio Grande que, confirmando a tendência, igualmente entrou no território negativo. Assim, os mesmos variaram entre menos 15 e menos 75 centavos de dólar por bushel, para maio. Já nos EUA, o Golfo do México estabelecia valores de 70 a 90 centavos positivos, enquanto Rosário (Argentina) ficava entre 20 e 40 centavos de dólar por bushel positivos igualmente.
Nesse contexto, e auxiliado por um câmbio que voltou para R$ 2,01 no final da semana, os preços no Brasil se estabilizaram e até subiram mais um pouco no curto prazo. A média gaúcha no balcão fechou a semana em R$ 54,50/saco, enquanto os lotes giraram entre R$ 55,50 e R$ 56,00/saco na compra. Nas demais praças brasileiras, os lotes giraram entre R$ 44,50/saco em Sapezal (MT) e R$ 54,00/saco no norte do Paraná e na região de Pato Branco (PR), ambos para compra. Já na BM&F/Bovespa o contrato maio/13 ficou em US$ 29,10, enquanto julho registrou US$ 29,75/saco e novembro/13 fechou em US$ 26,31/saco. No geral, a tendência continua sendo de preços mais baixos, particularmente no segundo semestre, seguindo a tendência de Chicago. Obviamente, tal tendência dependerá do clima nos EUA a partir de agora.
Enfim, a colheita no Brasil, até o dia 19/04, atingia a 86% da área, estando dentro da média histórica para esta época do ano. O Rio Grande do Sul chegava a 52%, contra 69% na média; o Paraná a 97%, Goiás a 98%, Minas Gerais a 66%, Bahia a 67% e Santa Catarina a 60%. No Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e São Paulo a mesma já estava encerrada. Nos demais Estados produtores a colheita atingia a 72% da área. (cf. Safras & Mercado)
Fonte: CEEMA – Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário.