As estradas gaúchas recebem, entre abril e maio, um acréscimo estimado em quase 5 mil caminhões por dia.
Com uso escasso de ferrovias e hidrovias para escoar a produção no Estado, as estradas gaúchas recebem, entre abril e maio, um acréscimo estimado em quase 5 mil caminhões por dia para dar vazão à safra. A necessidade em grande escala de levar os grãos até o porto de Rio Grande faz o preço do frete mais do que dobrar.
— Essa é a nossa safra também. É o momento que a gente tem para tentar eliminar problemas financeiros do ano, como a manutenção do caminhão — admite o caminhoneiro autônomo Paulo Casarin, 58 anos.
Na primeira viagem da safra deste ano, Casarin carregou o caminhão com 31,5 toneladas do grão em Augusto Pestana, no Noroeste. Partiu às 8h30min em direção a Rio Grande, num trajeto de 540 quilômetros, e cobrou R$ 80 por tonelada. Se fosse fora de safra, o preço não passaria de R$ 50. Parou em São Sepé para abastecer. Encheu o tanque com R$ 1,2 mil num total de 550 litros de diesel – que teve aumento de 11% no ano passado. Na planilha de custos da viagem, somam-se ainda dois pedágios, em Canguçu e Pelotas, ao preço de R$ 37,40 cada:
— Se tudo correr bem, consigo tirar um bom dinheiro. Mas se estourar um pneu, por exemplo, já perco todo o lucro e ainda fico devendo.
Entre Augusto Pestana e Pelotas são 475 quilômetros de pista simples e tomada por caminhões. Apenas de Pelotas a Rio Grande, a BR-392 é duplicada. Após mais de 12 horas de viagem, Casarin chegou ao destino. Apesar de ter horário agendado, o caminhoneiro só descarregou mais de 10 horas depois do horário limite.
— Temos horário para chegar, não para sair — lamenta Casarin.
FONTE: ZERO HORA -Joana Colussi – Foto: Tadeu Vilani – AG. RBS