Comentários referentes ao período entre 15/03/2013 a 21/03/2013.
As cotações da soja em Chicago cederam radicalmente durante esta semana, chegando a bater em US$ 14,06/bushel no dia 19/03, após US$ 15,14 no dia 11/03, considerando o primeiro mês cotado. Após tal movimento, um ajuste técnico se fez presente e o fechamento desta quinta-feira (21) ficou em US$ 14,49/bushel.
Na prática, todas as principais notícias foram baixistas para o mercado, a começar pela nova crise financeira na Europa, com os problemas enfrentados pelo Chipre, continuando com a possibilidade cada vez mais concreta de uma safra recorde na América do Sul (145,5 milhões de toneladas contra 116,2 milhões no ano anterior e 135,7 milhões em 2011, segundo Safras & Mercado), onde o Brasil já colheu 60% de sua área até o início desta semana, e terminando com a expectativa cada vez maior de uma área semeada em soja, nos EUA, em aumento. Se não fosse o quadro ruim de embarque brasileiro, onde a logística portuária emperra maior cadência, fato que teria levado a China a cancelar algumas compras de soja brasileira, e o recuo da soja em Chicago seria ainda maior nesse momento.
Assim, a tendência vai se confirmando de preços mais baixos no médio prazo, caso a safra estadunidense venha normal no final do ano. Paralelamente, as exportações líquidas dos EUA, no ano comercial 2012/13, atingiram a 657.700 toneladas na semana encerrada em 7 de março. Já as vendas para o ano 2013/14 chegaram a 126.000 toneladas. Já os embarques semanais de soja, na semana do dia 14/03, atingiram a 243.000 toneladas, acumulando desde setembro passado (início do ano comercial 2012/13) um total de 31,9 milhões de toneladas, contra 26,1 milhões um ano antes.
Para 28/03 está previsto a divulgação do relatório de intenção de plantio dos produtores dos EUA e as notícias preliminares dão conta de um aumento na área de soja, fato que pressiona igualmente o mercado. A empresa privada Allendale está projetando 31,7 milhões de hectares a serem semeados. Ora, isso, diante de uma produtividade normal, levaria a produção estadunidense, a ser colhida em outubro para 91,1 milhões de toneladas, contra 82 milhões colhidas neste último ano. Diante disso, os estoques dos EUA e mundiais ganhariam uma boa recuperação, fato que traz as cotações futuras de novembro, em Chicago, para níveis ao redor de US$ 12,50/bushel, com potencial de ainda maior recuo.
Desta forma, o mercado continua mantendo Chicago bem elevado no curto prazo, embora pouco a pouco a demanda mundial se direcione para a América do Sul, apesar dos problemas de logística no Brasil, enquanto no médio e longo prazo a tendência é de um sensível recuo nas cotações da oleaginosa. Para o curto prazo, vale igualmente a informação sobre os estoques trimestrais nos EUA, na posição março, que igualmente será divulgada no dia 28/03. Tais estoques estão cada vez mais apertados.
Pelo lado da demanda, a China talvez importe 65,5 milhões de toneladas de soja em 2013/14 (ano comercial a se iniciar em 1º de outubro próximo), contra 63 milhões estimados para o atual ano comercial. O problema chinês é a redução na produção de oleaginosas em geral, projetada em 54,9 milhões de toneladas (apenas 12 milhões em soja), contra 56,2 milhões um ano antes.
Na Argentina, o esmagamento de soja em janeiro bateu em 1,7 milhão de toneladas, contra 2,6 milhões em janeiro de 2012. No ano comercial 2011/12, iniciado em abril/11, o total esmagado foi de 27,7 milhões de toneladas, contra 32,8 milhões um ano antes.
Nesse contexto de oferta maior no Brasil e região, os prêmios continuaram recuando fortemente, pesando sobre o bolso dos produtores rurais locais, Nos portos brasileiros, os mesmos giraram entre mais 15 centavos de dólar por bushel a menos 20 centavos. Nos EUA (Golfo do México) os mesmos ficaram entre 60 e 68 centavos positivos. Todos estes para março. Já em Rosário (Argentina), para maio, os prêmios ficaram entre 23 e 30 centavos positivos.
No Brasil, os preços voltaram a recuar um pouco, porém, acabaram sustentados no final da semana pelo retorno do câmbio a R$ 1,99 no dia 20/03. Mas a tendência geral continua sendo de baixa na medida em que a safra vai entrando celeremente e as exportações encontram dificuldades de logística.
O balcão gaúcho fechou a semana ainda na média de R$ 56,02/saco, enquanto os lotes giraram em torno de R$ 59,25/saco na média. Nas demais praças do pais a média girou entre R$ 43,00/saco em Sapezal (MT) e R$ 55,50/saco no norte do Paraná.
Até o dia 15/03, o total colhido no país era de 58% da área, sendo 10% no Rio Grande do Sul, 67% no Paraná, 87% no Mato Grosso, 92% no Mato Grosso do Sul, 80% em Goiás, 87% em São Paulo, 35% em Minas Gerais, 10% na Bahia e 13% em Santa Catarina. (cf. Safras & Mercado)
Fonte: CEEMA – Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário.