As cotações da soja recuaram no final desta semana, após o primeiro mês (março) chegar a US$ 15,14/bushel, enquanto maio registrava US$ 14,79. A quinta-feira (14) fechou com US$ 14,57 para março (mês que a partir de agora sai do quadro de cotações em Chicago), enquanto maio recuava para US$ 14,35/bushel. Na comparação de uma semana antes, maio perdeu 36 centavos de dólar por bushel.
Esse comportamento se deve ao fato de que o relatório de oferta e demanda do USDA nada trazer de novo, contrariando o próprio mercado, que esperava cortes nos estoques finais dos EUA. Além disso, a colheita no Brasil se acelera, as chuvas retornaram em abundância no sul do país e na Argentina, e a demanda chinesa teria esfriado um pouco. Soma-se a todo esse conjunto a expectativa de um aumento de área e produção na nova safra de soja nos EUA, cuja intenção de plantio sai neste próximo dia 28/03. Tanto é verdade que a cotação para novembro próximo fechou esta quinta-feira em US$ 12,59/bushel, ou seja, uma diferença de US$ 1,76/bushel entre maio e novembro. Dito de outra maneira, salvo surpresas climáticas nos EUA, a tendência continua sendo de recuo sensível nos preços em Chicago a partir do segundo semestre.
No curto prazo, no entanto, a pressão sobre a soja restante na América do Norte, diante dos problemas de logística brasileiros, continua mantendo firme as cotações. Nesse sentido, na semana encerrada em 07/03 os embarques de soja estadunidenses registraram 465.800 toneladas, acumulando desde o início do ano comercial 2012/13, em setembro/12, um total de 31,7 milhões de toneladas, contra 25,4 milhões um ano antes.
Na América do Sul, enquanto o Brasil mantém a estimativa de supersafra, ao redor de 82,5 milhões de toneladas, na Argentina a Bolsa de Cereais de Buenos Aires indicou uma safra de 48,5 milhões de toneladas, contrariando o USDA, que ainda estima uma safra de 51,5 milhões de toneladas.
Por sua vez, os prêmios nos portos voltaram a recuar, com os mesmos ficando entre menos 6 e mais 6 centavos de dólar por bushel no Brasil, para março. Ou seja, os prêmios já entraram em patamares negativos, particularmente pela enorme safra e a falta de logística de armazenagem e embarque existente. Tais problemas deverão se agravar nos próximos dias caso a greve portuária, prevista para o dia 19/03, venha a ocorrer no Brasil. Nos EUA, para março igualmente, o prêmio no Golfo do México terminou a semana entre 80 e 90 centavos de dólar por bushel, enquanto em Rosário (Argentina) os mesmos, para maio, ficaram entre 22 e 26 centavos de dólar.
No mercado brasileiro, os preços voltaram a recuar, confirmando a tendência já detectada ainda no ano passado, em caso de safra cheia, como vem sendo fato. O balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 56,80/saco, enquanto os lotes ficaram entre R$ 59,00 e R$ 62,50/saco. Nas demais praças nacionais, os lotes se estabeleceram entre R$ 45,35/saco em Sapezal (MT) e R$ 57,50/saco no norte do Paraná e região de Pato Branco (PR).
A colheita brasileira, até o dia 08/03, atingia a 48% da área, contra 32% na média histórica para esta época. Nos demais Estados a colheita chegava a 2% no Rio Grande do Sul; 58% no Paraná; 74% no Mato Grosso; 77% no Mato Grosso do Sul; 70% em Goiás; 56% em São Paulo; 25% em Minas Gerais; 6% na Bahia; 7% em Santa Catarina e 8% nos demais Estados produtores. (cf. Safras & Mercado)
Já a comercialização da atual safra, no mesmo dia 08/03, atingia a 32% no Rio Grande do Sul; 43% no Paraná; 73% no Mato Grosso; 54% no Mato Grosso do Sul; 70% em Goiás; 46% em São Paulo; 55% em Minas Gerais; 70% na Bahia; 35% em Santa Catarina e 73% nos demais Estados produtores. No total do Brasil, 58% da atual safra já estariam comercializadas, contra 52% na mesma época do ano anterior e 46% na média histórica. (cf. Safras & Mercado)
Fonte: CEEMA – Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário.