As cotações do trigo acabaram subindo nesta semana, acompanhando o movimento encontrado no milho. O bushel do cereal passou de US$ 6,86 na semana anterior para o fechamento de US$ 7,14 nesta quinta-feira (14).
Todavia, o movimento esteve muito mais em função de ajuste técnico do que pela existência de fatores fundamentais. Tanto é verdade que o relatório de oferta e demanda do USDA aumentou os estoques finais nos EUA, no ano 2012/13, para 19,5 milhões de toneladas, elevando igualmente os estoques finais mundiais, estes para 178,2 milhões de toneladas. A produção argentina foi mantida em 11 milhões de toneladas, não acompanhando a estimativa dos próprios argentinos que é agora de uma colheita de apenas 9,5 milhões de toneladas. As importações brasileiras ficaram em 7,7 milhões de toneladas.
Já as vendas líquidas estadunidenses de trigo, para o ano 2012/13, iniciado em 1º de junho de 2012, chegaram a 618.100 toneladas na semana encerrada em 28/02, quase dobrando o volume da semana anterior. Na mesma data, as vendas líquidas para a nova safra 2013/14 atingiram a 210.000 toneladas, após 152.300 toneladas uma semana antes.
Enquanto isso, as inspeções de exportação de trigo pelos EUA, na semana encerrada em 07/03, atingiram a 758.081 toneladas, acumulando no ano comercial 2012/13, um total de 19,6 milhões de toneladas, contra 21,1 milhões um ano antes.
Vale destacar que, apesar do anúncio de um forte aumento na produção de grãos da Rússia neste ano, as exportações podem não ser proporcionalmente tão significativas já que o país teria que recuperar seus estoques, reduzidos que foram pela seca do ano anterior. Essa redução provocou um aumento interno nos preços do cereal e seus derivados, pressionando a inflação nacional, algo que o governo também aqui deseja evitar a continuidade. Mas tal comportamento se definirá com o real volume colhido.
No Mercosul, por sua vez, o mercado se manteve muito fraco.. Há pouca liquidez e disponibilidade do produto, com tendência de preços locais menores, seguindo o rumo do mercado mundial. Na Argentina, o porto de Bahia Blanca registrou US$ 360,00/tonelada na compra. No Uruguai a mesma tonelada ficou em US$ 330,00 FOB. No Paraguai, a compra ficou em US$ 310,00/tonelada, enquanto o trigo para exportação no Brasil esteve ao redor de US$ 335,00/tonelada FOB. (cf. Safras & Mercado)
No Brasil os preços ficaram estáveis, com a média no balcão gaúcho fechando a semana em R$ 31,23/saco, enquanto os lotes registraram R$ 651,00/tonelada. No Paraná os lotes se mantiveram entre R$ 760,00 e R$ 770,00/tonelada.
A tendência geral é de preços mais baixos nos próximos meses, diante das medidas adotadas pelo governo brasileiro e do comportamento do mercado externo. Mesmo assim, preocupado com a redução na produção da última safra, o governo brasileiro tenta recuperar a área semeada aumentando o preço mínimo e o crédito à produção e comercialização. Resta saber se isso será suficiente para desbancar o milho safrinha no Paraná. Por enquanto, em termos gerais do país, espera-se um aumento de 10% na área e 20% na produção, desde que o clima seja favorável.
Destaque ainda para o cancelamento do leilão de venda da Conab, previsto para o dia 12/03, diante da tendência de preços mais baixos nas próximas semanas. Tanto isso é verdade que pela paridade de exportação, a partir do atual câmbio e dos preços praticados na Argentina, para o produto do norte do Paraná concorrer com o argentino, posto nos moinhos paulistas, o mesmo deve ser negociado a apenas R$ 693,00/tonelada. Nessa situação, haveria um espaço de redução na tonelada paranaense entre R$ 67,00 e R$ 77,00/tonelada. (cf. Safras & Mercado)
Fonte: CEEMA – Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário.