Do ponto de vista das farinhas de trigo, consultas recentes aos moinhos nos mostram que a produção nas maiores empresas do Estado é grande, com venda de farinhas em ritmo satisfatório desde pelo menos o início do mês de janeiro. Com isso nota-se que está se consumindo os estoques de trigo (bem posicionados) dos moinhos locais, algo que exige reposição no curto prazo.
No mercado interno vemos vendedores de Porto Alegre com preços FOB interior entre R$ 630-650/ton, produto com ph abaixo de 78 e sem grande destaque quanto à qualidade industrial (FN, W, estabilidade), com um dos entrevistados reportando que há um certo distanciamento dos compradores neste momento e para finalizar negócios tem feito desconto nos preços e esticando prazo de pagamento.
Mesmo reporte dos entrevistados na região das Missões, com o destaque também para baixa oferta nos vendedores (estoques baixos) e negócios pontuais diante da disponibilidade de espaço físico saem nos mesmos valores citados em Porto Alegre. Atenções voltadas neste momento para a soja.
Corretor da Região de Passo Fundo aponta que não nota o distanciamento de compradores neste instante, com negócios variando de R$ 700-750 para produto do tipo 1 (ph 78 ou acima) e sobretudo boa coloração e falling number. Este melhor produto é justamente o que se busca dai a melhor movimentação. Algo que fica claro se observarmos negócios com o trigo paraguaio no Rio Grande do Sul superando a origem alternativa mais frequente que costuma ser o Uruguai (este com problema de qualidade).
Na exportação, segundo o corretor Marcelo De Baco da De Baco Corretora negócios prejudicados pelo aumento da representatividade do trigo indiano, com grande volume e baixos preços neste instante. Trader consultada na semana retrasada anunciava baixa procura pelo produto brasileiro, algo que poderia resultar em melhor oferta ao mercado interno. No entanto 700 mil toneladas de trigo gaúcho já foram exportadas de um total colhido de 1,8 milhão de toneladas. Restaria pouco produto neste momento para este fim (de baixa qualidade).
Com relação à comercialização de sementes de trigo até este momento, empresa produtora de sementes acredita em maior volume de negócios neste ano-safra por conta da menor capacidade dos produtores em salvar sementes da safra passada (pelas geadas, granizo, etc). Corretor da região de Passo Fundo confirma grande disponibilidade por conta das sementeiras porém produtores ainda retirando pouco.
Talvez a divulgação do Plano Safra das Culturas de Inverno, com preços mínimos e instrumentos de comercialização definidos previamente impulsione a demanda. Ainda que as lavouras de soja ainda sem produtividade definida no Rio Grande do Sul torne estes produtores mais reticente quanto à sua real capacidade de investimento neste momento. O fato é que a abertura recente de mercados exportadores para o trigo de qualidade ruim e mediana, e a garantia de demanda por parte de lotes diferenciados no mercado interno deve fomentar maior interesse por parte dos produtores gaúchos, principalmente devido a não viabilidade técnica do cultivo do milho safrinha na maior parte das regiões produtoras daquele estado.
Fonte: Notícias Agrícolas