Para pesquisador da Universidade de Missouri, estiagem é tão extrema que norte-americanos devem demorar ao menos dois ou três anos para ter colheita recorde novamente.
No ano passado, os Estados Unidos enfrentaram a pior seca dos últimos 50 anos. No Meio-Oeste, o coração do cinturão de produção de grãos norte-americano, a estiagem se prolonga desde o início de 2010 e, segundo uma pesquisa realizada pela Universidade de Missouri (MU, na sigla em inglês), deve demorar pelo menos dois anos para que o nível normal de umidade dos solos seja reestabelecido.
De acordo com Miles Randall, professor de ciência do solo da UM responsável pelo estudo, o solo no Meio-Oeste está seco até uma profundidade de 1,5 metro. “Eu não contaria com uma recuperação total dos níveis de umidade do solo em breve”, disse. “Mesmo que a região receba muita neve e chuva durante a primavera ainda vai levar muito tempo para que a umidade chegue às camadas mais profundas do solo, onde as condições são de seca extrema.”
Em 2012, Miles descobriu que, nas regiões mais secas do Meio-Oeste, algumas plantas precisaram procurar até 2,4 metros para extrair água. Tipicamente, cada 300 cm de solo pode acumular pouco mais de 50 mm de água, de modo que seriam necessárias precipitações mais de 400 mm acima do normal para que os níveis normais de umidade fossem completamente recarregados. “É importante lembrar que 300 cm de neve equivalem a apenas cerca de 25 mm de água”, alertou Miles.
Segundo o professor, nas regiões que receberam volumes extras de chuva com a passagem do furação Isaac, em agosto de 2012, as camadas superficiais do solo estão mais úmidas, mas as condições são de seca extrema nas camadas mais profundas. “Isso ajuda no curto prazo, mas a umidade vai evaporar com apenas alguns dias de ventos fortes”, explicou Miles. “Para que a umidade dos solos retorne ao nível normal este ano a chuva e a neve têm que vir de forma lenta e contínua para evitar que a água escoe sem que seja absorvida”, disse.
Miles observou também que os níveis dos rios Mississippi e Missouri, os mais importantes rotas de escoamento da produção de grãos dos EUA, deve levar tempo similar para retornar à normalidade, o que deve continuar prejudicando o tráfego de barcaças. “Creio que deve demorar ao menos dois ou três anos para que os agricultores possam esperar colheitas recordes novamente”, sentencia.
Fonte: Gazeta do Povo