Aumento do preço só não será tão comemorado por causa do custo de produção, que deve ter um crescimento de 10% em relação ao ano passado, projetam especialistas.
As máquinas já começaram a trabalhar na colheita da lavoura de arroz da Fazenda Sotéia, em Dilermando Aguiar, Região Central do Rio Grande do Sul. Diferentemente do ano passado, quando a maior parte dos arrozeiros gaúchos sofreu com a estiagem, a safra deste ano promete bons resultados, tanto na quantidade, quanto no preço pago pela saca do grão. Na Sotéia, que pertence à família Marzari, a produtividade deve aumentar de 7,7 mil quilos por hectare em 2012, para 8 mil quilos por hectare nesta safra. O gerente da propriedade, Renan Bagolin, explica que a regularidade da chuva nos últimos meses já dá resultados visíveis na plantação.
– Acho que vamos colher bem este ano e teremos um grão de boa qualidade.
A estimativa da Emater é de que a produção aumente 2,5% na região e os preços sejam pelo menos 60% maiores do que na safra anterior.Na colheita 2011/2012, a Região Central produziu cerca de 1,024 milhão de toneladas de arroz, quantidade que deve ser um pouco superior, chegando a 1,041 milhão de toneladas. Já o preço, que no ano passado ficou em uma média de R$ 20 por saca, na época da colheita, deve alcançar uma média de R$ 30 – atualmente, varia de R$ 32 a R$ 36. Se a produção e a estima de preço se confirmarem, a safra deve injetar R$ 620 milhões na economia regional.
– O preço deve ser maior por não termos uma grande oferta de grãos no mercado interno. Este ano, não teremos leilão do governo (quando a União compra parte da produção para estoque), o que vai fazer com que os preços se mantenham, diferentemente do ano passado, quando o governo realizou leilões e jogou os preços para baixo – explica o presidente do Irga, Cláudio Pereira.
Mas para manter este preço estimado, Pereira salienta que o Estado teria de repetir as exportações, que, porém, devem cair. No último ano, foram embarcadas 1,4 milhão de toneladas de arroz, conforme o Irga. Para 2013, a expectativa é de exportar 1 milhão de toneladas. Entre os maiores compradores, no último ano, estavam Nigéria, Senegal, Benin, Cuba e Venezuela.
O aumento do preço só não será tão comemorado por causa do custo de produção, que deve ter um crescimento de 10% em relação ao ano passado. Os especialistas do setor não se arriscam a estimar o gasto para se produzir uma saca de arroz – por causa das variantes que influenciam nisso, como disponibilidade hídrica – mas salientam que, no embalo da da soja (que usa os mesmos defensivos do arroz), os custos das outras culturas também serão maiores.
– A febre da soja inflacionou os preços. Por isso, o custo cresceu cerca de 10% – explica Cláudio Pereira.
Fonte: Diário de Santa Maria – Foto: Eduardo Ramos