Com estoques mundiais baixos e a expectativa de uma safra recorde de grãos, a tendência é de que o país venda mais para o Exterior e com preços melhores.
Muitos setores do agronegócio já falam em aumento das exportações para este ano. É o caso da soja, do café e da carne suína. As entidades que representam os produtores acreditam na retomada do crescimento econômico dos Estados Unidos e até da União Europeia. Além disso, o mercado chinês promete absorver grande parte do que é produzido aqui no Brasil.
As exportações de soja neste ano devem ter uma alta de 25%, saltando de 32 milhões de toneladas referentes à última safra para 40 milhões de toneladas, de acordo com estimativas da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec). Com estoques mundiais baixos, as vendas de café também contam com previsão de crescimento de 10%, e embarques em torno de 31 milhões de sacas. O Conselho Nacional do Café conta com o aquecimento da economia dos países consumidores.
– Em função da condição econômica da União Europeia, da recuperação dos Estados Unidos e do fato de o mercado consumidor não estar abastecido, ele tem comprado aquilo que consomem efetivamente. Então os países deverão formar algum tipo de estoque. Para esse estoque, naturalmente, vai haver uma demanda maior e, consequentemente, preços mais remunerativos para os produtores – explica o presidente-executivo do Conselho Nacional do Café, Silas Brasileiro.
As exportações de carne bovina têm potencial para superar o resultado inédito de US$ 5,7 bilhões alcançado em 2012. A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne, no entanto, prefere não arriscar em quanto ficará o aumento. Já a carne suína tem previsão de alta de 20% na receita. A expectativa é grande com a abertura do mercado de Santa Catarina para o Japão, maior comprador do produto no mundo.
– As nossas expectativas para 2013 é de aumentar ainda mais as exportações, que já bateram recorde em 2012. Fomos para 581 mil toneladas e estamos esperando que o Japão a qualquer momento possa fazer os primeiros embarques, contando que toda parte sanitária já foi resolvida. Nós estamos aguardando somente agora a finalização da parte burocrática ser resolvida possamos ter os primeiros embarques de suínos ao Japão – diz o presidente da Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), Marcelo Lopes.
Já a venda de milho para outros países, que no ano passado chegou a 20 milhões de toneladas, devido à quebra de safra nos Estados Unidos, pode não se repetir, o que é considerado positivo pela Associação Brasileira dos Criadores de Suínos. É que a oferta reduzida do grão, usado como ração animal, tem encarecido os custos de produção no Brasil.
– É fundamental que o governo pratique uma política de abastecimento voltada à pecuária brasileira e aí estou falando não só em nome da suinocultura, em toda a pecuária brasileira existe um desabastecimento. Os Estados do Nordeste e do Centro-Oeste têm problemas – acrescenta Lopes.
Entretanto, o coordenador do Fórum Nacional do Milho acredita que há, sim, como aumentar as vendas ao Exterior sem prejudicar o mercado interno.
– O Brasil precisa exportar porque a produção não será inferior a 70 milhões de toneladas e nós temos um mercado interno em torno de 50 milhões de toneladas.
Então, há um excedente de 20 milhões, que tem que ser colocado em algum mercado. Mais do que um mero pleito de dizer "não pode exportar", o pleito tem que ter políticas públicas para garantir inclusive cobertura de alguns custos na movimentação interna e a garantia desta movimentação interna para que não falte milho nas áreas consumidoras – afirma o coordenador do Fórum Nacional do Milho, Odacir Klein.
O economista José Eustáquio Ribeiro alerta para os riscos que o aumento de preços pode causar.
– A gente tem que abrir aí um sinal de alerta para algumas questões. Primeiro, a gente percebe que há um crescimento dos preços agrícolas. No passado, isso, nós vimos o impacto que isso tem. Cria problema de segurança alimentar, além de outros tipos de problemas dentro da economia. Então, ninguém quer que haja uma agroinflação. Há esse movimento de aumentos dos preços, e a gente tem que ver até quando isso vai persistir ou não.
Fonte: Canal Rural