Publicação traz preços do animal vivo e da carne, além de dados sobre exportação, carnes concorrentes e relação de troca e insumos.
O MERCADO EM DEZEMBRO
No primeiro semestre de 2012, o mercado suinícola foi influenciado, principalmente, por dois fatores: elevação dos custos de produção no Brasil e no mundo – seja de forma direta ou indireta – e maior oferta doméstica de carne bovina.
No segundo semestre, como resultado do fraco desempenho econômico da suinocultura nacional, a oferta de animais para abate diminuiu, o que proporcionou recuperação dos preços e, mais no final do ano, também do poder de compra frente aos principais insumos da cadeia. Em dezembro, inclusive, os preços do suíno vivo e da carne atingiram os maiores patamares de 2012 e, em algumas regiões, os maiores de toda a série histórica do Cepea, iniciada em 2004.
Ao se comparar a média de dezembro à de junho, constata-se que o preço do suíno chegou a subir 81% em Minas Gerais e 79% em São Paulo, com as médias passando para R$ 3,93/kg e R$ 3,63/kg, respectivamente, em dezembro. No Paraná, a valorização do animal chegou a 71%, com o quilo do animal a R$ 3,18 em dezembro. Em Santa Catarina, o suíno vivo foi vendido na média de R$ 3,05/kg e, no Rio Grande Sul, a R$ 2,97/kg, altas de 56% e de 57%, respectivamente, no segundo semestre.
No atacado paulistano, o preço da carcaça comum teve alta de 66% entre junho e dezembro (a R$ 5,55/kg no último mês) e a carcaça especial, de 63% (com a média a R$ 5,83/kg em dezembro).
Tradicionalmente, tanto as cotações da carne quanto as do suíno vivo aumentam no segundo semestre, puxadas principalmente pela demanda interna mais firme. Porém, em 2012, parece que muitos frigoríficos postergaram ao máximo a formação de estoques para final de ano, tendo em vista a valorização que persistia desde meados do semestre.
Exportações
Em dezembro, as exportações brasileiras de carne suína in natura recuaram em relação a novembro. No entanto, ao longo de 2012, as 499 mil toneladas embarcadas superaram em 14,5% a quantidade de 2011 – naquele ano, as exportações de carne suína in natura totalizaram 435,9 mil toneladas.
Tal resultado foi consequência, principalmente, do aumento das compras da Ucrânia – esse país mais que
dobrou as aquisições em relação às importações de 2011, adquirindo 130,1 mil toneladas até novembro. A
Rússia também retomou as aquisições da carne nacional e já assumiu a segunda colocação entre os maiores compradores, com 120,9 mil toneladas compradas, mesmo com apenas algumas plantas nacionais habilitadas. Salvo o impacto imediato, nem mesmo o embargo da carne brasileira pela Argentina abalou o acumulado do ano. A boa notícia é que já foram concretizados embarques para a China e Estados Unidos. Além disso, o Japão reconheceu a carne suína produzida em Santa Catarina como livre de febre aftosa sem vacinação e as negociações para a abertura desse mercado já estão adiantadas.
De modo geral, o aumento do volume embarcado em 2012 pode ser relacionado ao menor preço da carne
brasileira no mercado internacional. Além disso, a valorização da moeda norte-americana fez com que o
preço da carne em Reais superasse os valores de 2011 em todos os meses do ano, o que tende a manter
elevado o interesse de exportadores brasileiros.
RELAÇÃO DE TROCA E INSUMOS
Os preços do milho e do farelo de soja caíram em dezembro, pressionados, principalmente, pelo cenário externo. No caso do milho, os altos preços desse cereal reduziram a demanda internacional e, com a desvalorização nos portos, os preços do interior do Brasil também recuaram. Em relação à soja e seus derivados, os cancelamentos de contratos por parte da China e de alguns países não divulgados deram o tom baixista na Bolsa de Chicago (CME/CBOT), o que pesou sobre os preços no Brasil. O bom desenvolvimento das lavouras de soja na América do Sul também contribuiu com o cenário baixista.
Na região de Campinas (SP), a saca de 60 kg do milho desvalorizou 4% em dezembro, negociada a R$ 33,86 no
dia 28 de dezembro. Na Praça de Chapecó (SC), o cereal encerrou o mês a R$ 33,37/sc, recuo de 2,6% no mês.
Quanto à tonelada de farelo de soja, entre 30 de novembro e 28 de dezembro, houve queda de 2,6% no preço médio na região paulista, a R$ 1.110,58 no dia 28. Na região catarinense, o derivado da oleaginosa desvalorizou 1,4%, a R$ 1.174,54/t.
Apesar das recentes desvalorizações dos principais insumos da atividade suinícola, o milho e o farelo de
soja apresentaram patamares recordes no segundo semestre de 2012. No caso do milho, a queda da produção mundial, ocasionada por problemas climáticos em muitos países, mas especialmente nos Estados Unidos, resultou em fortes reações de preços, iniciadas em julho. O movimento de alta foi observado, em geral, até dezembro, quando o cereal atingiu os maiores patamares de 2012.
Em relação à oleaginosa, as lavouras da América do Sul foram castigadas por uma forte estiagem nos principais
períodos de desenvolvimento do grão. Com isso, no final do primeiro trimestre, pico de colheita no Brasil, os
valores da soja nos mercados interno e externo já caminhavam para patamares recordes, comportamento atípico para o período. Os maiores preços da tonelada do farelo foram observados entre agosto e setembro.
CARNES CONCORRENTES
Com a disparada nos preços da carne suína em dezembro, os valores do produto se aproximaram dos da carne bovina e se distanciaram dos do frango resfriado, perdendo competitividade frente às concorrentes. No primeiro semestre de 2012, com a carne bovina mais barata, demanda interna fraca e produtores liquidando plantéis para se livrar dos altos custos, a carne suína apresentou intensa desvalorização e, em junho, a carcaça comum chegou a ficar 53,6% mais barata que a carcaça casada bovina e apenas 17,1% mais cara que o frango inteiro resfriado.
Já no segundo semestre, com o aumento de quase 70% no preço da carne suína no atacado – a carcaça comum
passou de R$ 3,33/kg em junho para R$ 5,55/kg em dezembro – o quilo desta carne passou a ficar 38,7% inferior ao valor pago pela bovina e 30% maior que o preço da carne de frango. De junho a dezembro, a carcaça de boi teve aumento de 6%, de R$ 5,96/kg a R$ 6,34/kg, e, o frango resfriado, valorizou 41%, com o quilo passando de R$ 2,76 para R$ 3,89.
Fonte: Cepea/Esalq