Em meio a uma agenda corrida, típica de um final de ano, em entrevista ao Correio do Povo, o secretário da Agricultura, Luiz Fernando Mainardi, traçou novo prazo para identificação do rebanho bovino e bubalino gaúcho, falou sobre o andamento de projetos e antecipou prioridades e desafios para 2013. A modernização será um dos focos do trabalho.
Correio do Povo: Quais são os objetivos estratégicos da Secretaria da Agricultura para 2013?
Luiz Fernando Mainardi: Continuamos trabalhando para consolidar programas e ações em execução, como o Mais Água, Mais Renda, de estímulo ao aumento da irrigação; o Mais Ovinos no Campo, que busca o aumento das matrizes; o programa de Correção da Acidez do Solo; o Dissemina, de melhoria genética; o Procetube, de controle e erradicação da brucelose e da tuberculose; a reestruturação da Fepagro; as obras do Parque Assis Brasil; e a realização de concursos para a secretaria e para o Irga. Também continuaremos investindo os recursos do convênio com o Ministério da Agricultura e do BNDES, que nos possibilitam revitalizar todo o serviço de Defesa Sanitária. Por outro lado, também faz parte de nossos objetivos estratégicos a colocação em prática dos programas de fortalecimento da carne, do leite e da erva-mate. Outra questão que deve merecer atenção é a continuidade da busca por soluções estruturais para a lavoura do arroz. Já obtivemos a primeira vitória, recentemente anunciada pelo governo federal, de renegociação das dívidas. Agora, nossa luta será pela definição de cotas de importação, para que possamos propor a planificação do plantio, visando evitar super-ofertas, que achatam os preços, como ocorreu na safra 2010/2011. Manter o diálogo com todas as cadeias produtivas, nas câmaras setoriais e temáticas, é uma outra linha de ação de importância estratégica, na medida em que buscamos, setor público e privado, através de suas representações, as soluções para os problemas. E, ao mesmo tempo, em que trabalhamos para dar o suporte que permita isso.
CP: Qual será o orçamento da Secretaria da Agricultura para o próximo ano? Qual a oscilação em relação ao atual? Haverá margem para investimentos e, neste caso, quais serão as prioridades?
Mainardi: Em torno de R$ 200 milhões. Grande parte é para custeio. A maioria dos recursos para investimento está sendo captado, como os convênios com o Mapa, o empréstimo do BNDES e as emendas parlamentares. Nossos investimentos em 2013 estarão voltados para continuar equipando a Defesa Sanitária Animal e Vegetal, modernizando as Inspetorias Veterinárias e efetivando as obras previstas para o Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio.
CP: O senhor acredita que ainda em 2013 serão abertas as primeiras licitações envolvendo a transformação do parque Assis Brasil e que terão influência na Expointer?
Mainardi: Acreditamos que poderemos estar com as obras de cercamento do parque, com as arquibancadas e drenagem da Pista de Provas 1, com a ampliação do camping e com o sistema de segurança por videomonitoramento já prontos na edição 2013 da Expointer. Também estamos trabalhando para construir o novo pavilhão que será destinado à mostra da Agricultura Familiar. Quanto aos demais, estamos trabalhando para atrair investidores. A nossa prioridade número um é conquistar o Centro de Eventos que está sendo projetado pelo governo do Estado. Uma obra que dialoga diretamente com o nosso projeto do novo parque de exposições.
CP: Qual o estágio de desenvolvimento do programa Melhor Carne do Mundo?
Mainardi: Estamos caminhando. Nem tão depressa como queríamos, mas nem tão devagar como podem acreditar alguns. O problema é que este é um grande programa, que precisa de muitas negociações, muitos debates, convencimento e, fundamentalmente, de recursos financeiros. Estamos num bom estágio no que diz respeito às conversações na Câmara Setorial da Carne. Visitamos diversos países para conhecer os mecanismos adotados, as experiências colocadas em prática, o que foi muito importante para definirmos, por exemplo, o nosso sistema de identificação individual dos animais. Agora, estamos propondo a criação do instituto e do fundo da carne, importantes ferramentas que nos darão sustentação na execução do programa. Os investimentos que estão sendo feitos no sistema de Defesa Sanitária fazem parte desta estratégia do Melhor Carne.
CP: O senhor considera possível realizar a identificação da totalidade do rebanho bovino até final do governo, tendo em vista a estagnação do projeto?
Mainardi: Nosso projeto prevê executar toda a identificação no prazo de cinco anos. Vamos identificar os animais a partir do nascimento.
CP: O governo tem um plano B para a Cesa, tendo em vista o recuo do Ministério da Agricultura sobre a possibilidade de reserva de espaço permanente dos silos?
Mainardi: Acredito que o Ministério da Agricultura e a Conab não recuaram. O assunto ainda está em debate. Acreditamos que, por se tratar de um bom negócio, tanto para o governo federal como para o governo do Estado, com reflexos positivos para os produtores gaúchos, ainda teremos um desfecho positivo. Mas, se não conseguirmos concretizar, vamos continuar administrando a companhia como temos feito até aqui, recuperando as suas funções e assegurando um lugar para o armazenamento dos grãos produzidos pelos agricultores de nosso Estado.
Fonte: Correio do Povo