Comentários referentes ao período entre 30/11/2012 a 06/12/2012.
As cotações da soja em Chicago subiram bem nesta semana, se aproximando novamente dos US$ 15,00/bushel. O fechamento desta quinta-feira (06/12) ficou em US$ 14,91, enquanto a média de novembro chegou a US$ 14,50/bushel e o fechamento da semana anterior foi de US$ 14,48.
Esse movimento tem um fundamento plausível e dois outros puramente especulativos. No primeiro caso, a demanda por soja dos EUA continua firme, por ser o único grande fornecedor mundial no momento, diante de uma safra parcialmente frustrada. O novo relatório de oferta e demanda do USDA, previsto para o dia 11/12, trará números mais consistentes a respeito. No segundo caso, o mercado está valorizando em demasia o excesso de chuvas na Argentina, que estaria atrasando o plantio da nova safra. Sabe-se que o vizinho país tem ainda um bom espaço temporal para semear a oleaginosa e as chuvas, por enquanto, são até bem-vindas. Porém, isso está sendo ignorado pelo mercado. Por outro lado, fala-se de seca no Centro-Sul brasileiro, algo que não vem ocorrendo, salvo em pequenas regiões pontuais. A umidade dos solos nesta região brasileira, no momento, está muito boa e o plantio avança, embora mais atrasado do que o do ano passado.
Em sendo assim, a volatilidade dos preços em Chicago deverá ser grande em dezembro, até a situação de plantio se consolidar. Ou seja, assim como subiu agora, o mercado pode descontar logo em seguida, caso a semeadura da nova safra sul-americana realmente se confirme positiva.
Ajudou a aquecer o mercado, além do tradicional movimento financeiro de final de ano, a demanda importante por soja no mercado interno chinês.
Dito isso, os registros de exportações de soja pelos EUA, na semana encerrada em 22/11, ficaram em 319.100 toneladas, ou seja, muito abaixo do que o mercado esperava. Já os embarques realmente efetivados, na semana encerrada em 29/11, ficaram em 1,39 milhão de toneladas, acumulando desde 1º de setembro um total de 16,3 milhões de toneladas, contra 11,7 milhões em igual período do ano anterior.
Enquanto isso, na Argentina, apesar da especulação jogar ao contrário, o plantio da soja atingiu a 58% da área estimada (19,36 milhões de hectares) nesta semana. No mesmo período do ano passado o plantio chegava a 66%. Portanto, o mesmo não está tão atrasado assim, ficando dentro da média histórica para a época do ano. Tanto é verdade que os argentinos esperam colher entre 58 e 60 milhões de toneladas (um recorde histórico) se o clima ajudar até o final da safra.
Por outro lado, o Conselho Internacional de Grãos confirma a tendência apontada pelo USDA, em seu relatório de novembro, e indica uma produção mundial de soja ao redor de 267 milhões de toneladas. Um aumento de 12% sobre o ano anterior, apesar da quebra nos EUA.
Paralelamente, a China deverá mesmo produzir apenas 12,8 milhões de toneladas de soja neste ano de 2012, com um recuo de 12% sobre o ano anterior. Com isso, suas importações ficariam mesmo em 57,5 milhões de toneladas neste ano e 60 a 63 milhões de toneladas em 2013.
Por sua vez, os prêmios nos portos brasileiros, para março/13, se mantêm dentro da média para o período, ou seja, entre 28 e 40 centavos de dólar por bushel. Já no Golfo do México (EUA), os mesmos oscilam entre 75 e 80 centavos, enquanto em Rosário (Argentina), para abril/13, os valores ficam entre 8 e 25 centavos.
No Brasil, a recuperação de Chicago e a nova desvalorização do Real (antes das intervenções do Banco Central brasileiro, na semana, a moeda nacional chegou a ser cotada a R$ 2,13) deram certo suporte aos preços de balcão, com a média gaúcha batendo em R$ 67,12/saco. Enquanto isso, os lotes se mantiveram entre R$ 75,00 e R$ 76,00/saco no mercado gaúcho. Nas demais praças, os mesmos oscilaram entre R$ 67,35/saco em Sapezal (MT) e R$ 75,50/saco no oeste e norte do Paraná.
O plantio da nova safra brasileira, até o dia 30/11, chegava a 86% da área, com 58% no Rio Grande do Sul, 88% em Goiás, 68% em Minas Gerais, 70% na Bahia e 87% em Santa Catarina. Nas demais principais praças nacionais o mesmo estava praticamente encerrado.
Já a comercialização da safra passada (2011/12), em 30/11, atingia a 99% no Brasil, com 96% no Rio Grande do Sul e 97% no Paraná. Quanto a nova safra, a venda antecipada, na mesma data, atingia a 50% no Brasil, sendo 26% no Rio Grande do Sul, 32% no Paraná, 70% no Mato Grosso, 42% no Mato Grosso do Sul, 62% em Goiás, 31% em São Paulo, 48% em Minas Gerais, 53% na Bahia e 29% em Santa Catarina.
Sobre os preços futuros praticados neste início de dezembro, a BM&F/Bovespa apontou, para março, US$ 31,70/saco, e para maio US$ 30,75/saco.
Quanto aos preços futuros no mercado físico, o Paraná apontou US$ 31,90/saco em Paranaguá (porto), para março; o interior gaúcho ficou em R$ 64,50/saco na compra para maio; o Mato Grosso cotou em Rondonópolis o saco a R$ 56,00 para março; Dourados (MS) ficou em R$ 55,00/saco, igualmente para março; Goiás trabalhou com US$ 27,50/saco para fevereiro e março próximos; Minas Gerais (Uberlândia) em R$ 57,50/saco para abril; na Bahia preços a US$ 27,20/saco para maio; no Maranhão R$ 57,00/saco em Balsas; no Piauí valores a R$ 58,30/saco na compra, para maio; e em Tocantins o saco, também para maio, esteve a R$ 56,50.
Abaixo segue o gráfico da variação de preços da soja no período de 09/11 a 06/12/2012.