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09h53

ANÁLISE DO MERCADO DO TRIGO

Comentários referentes ao período entre 30/11/2012 a 06/12/2012.

As cotações do trigo, em Chicago, fecharam a quinta-feira (06) em US$ 8,45/bushel, acusando um pequeno recuo em relação a média de novembro, que foi de US$ 8,62/bushel e o fechamento de uma semana antes que foi de US$ 8,69/bushel.

O mercado parece ter encontrado, momentaneamente, um ponto de referência para seus preços internacionais, embora o aperto na oferta mundial diante de quebras de safra. Todavia, o anúncio da Ucrânia de que suas exportações de grãos serão mais elevadas do que o previsto, afrouxou o mercado nesta semana. O estimado agora é de que o trigo alcançará 6 milhões de toneladas exportadas, ao invés de 5 milhões. Lembramos que a Ucrânia foi um dos países atingidos pela seca na Europa neste último verão do Hemisfério Norte.

Paralelamente, as inspeções estadunidenses de trigo alcançaram 386.062 toneladas na semana encerrada em 29/11, acumulando no ano comercial iniciado em 1º de junho um total de 12,5 milhões de toneladas, contra 14,5 milhões no mesmo período do ano anterior.

Ao mesmo tempo, o Egito anunciou importações de 400.000 toneladas de trigo da Romênia, EUA e França a preços que variam entre US$ 335,00 e US$ 362,00/tonelada, com embarques previstos entre o 15 de janeiro e o 10 de fevereiro próximos. (cf. Safras & Mercado)

Nesse contexto, surge o relatório privado do Rabobank que informa que os EUA deverão aumentar a futura área de milho para 39,5 milhões de hectares, em detrimento da área de trigo e de soja. Aliás, esse anúncio, mesmo que ainda cedo, ajudou a elevar as cotações da soja em Chicago nesta semana.

Pelo lado do Mercosul, a baixa oferta do produto, a partir das quebras de safra no Brasil e na Argentina, continua elevando os preços do trigo. A situação deverá piorar ainda mais a partir de fevereiro, quando a colheita na Argentina estiver concluída e a entrada de produto novo se esgotará, ficando o Brasil (o importador da região) à mercê de compras de outras regiões do mundo, num cenário de preços mundiais elevados e desvalorização do Real, nesse momento, mais acentuada do que deveria.

Assim, no Up River argentino a tonelada FOB, para compra, ficou em US$ 347,00, enquanto em Baia Blanca, embora sem disponibilidade de produto, o preço chegou a US$ 352,00. No Uruguai, o trigo subiu 3,1% em relação ao mês anterior, cotado a US$ 335,00/tonelada na compra. No Paraguai, o preço ficou em US$ 320,00/tonelada FOB, enquanto o trigo para exportação no Brasil está ao redor de US$ 330,00/tonelada FOB igualmente. (cf. Safras & Mercado)

Com a colheita praticamente encerrada no Brasil, constata-se que o Paraná, embora uma redução de área importante, conseguiu ainda colher 2,1 milhões de toneladas, ficando 12,8% abaixo do registrado no ano anterior. Já o Rio Grande do Sul, onde a quebra física ficou ao redor de 40% (sem falar na quebra de qualidade), com produtividade média de apenas 1.633 quilos/hectare, o volume colhido teria ficado em tão somente 1,6 milhão de toneladas, confirmando perdas de cerca de um milhão de toneladas em relação ao ano anterior. Nesse contexto, e considerando também que Santa Catarina perdeu 50% de sua produção, o volume total brasileiro vai se confirmando realmente entre 3,8 e 4,0 milhões de toneladas. Nesse volume, ainda há todo o trigo de baixa qualidade, muita coisa triguilho, que tem um valor de mercado muito menor, embora nesse ano, graças aos elevados preços do milho, bem acima do normal.

A tal ponto que o preço da tonelada do trigo de qualidade superior, tipo pão, sobe semanalmente no país. No Rio Grande do Sul, por exemplo, esse produto já bate em R$ 700,00/tonelada em termos médios (equivalente a R$ 42,00/saco), enquanto o produto de mais baixa qualidade fica a R$ 640,00/tonelada. No Paraná, onde a qualidade da nova safra foi bem melhor, porém, o volume diminuiu, o trigo superior chega a R$ 750,00/tonelada, com negócios freqüentes entre R$ 720,00 e R$ 730,00/tonelada (equivalentes a R$ 43,80/saco). No Paraná, a alta acumulada nos preços, em relação ao ano passado, ultrapassa a 40%. (cf. Safras & Mercado)

Nesse sentido, os compradores vêm fazendo pressão para baixar o preço do cereal no mercado brasileiro, porém, os produtores, cientes da realidade de oferta, resistem apoiados pelo próprio comportamento do mercado.

Enfim, conforme ainda Safras & Mercado, a paridade de importação estaria indicando que, em relação ao trigo argentino, o produto do norte do Paraná, posto nos moinhos paulistas, poderia ser vendido hoje em até R$ 753,00/tonelada. Pelo sim ou pelo não, o fato é que os preços dos derivados de trigo para os consumidores brasileiros sobem a cada mês nesse momento, pressionando a inflação local. E nesse quadro atual de preços mundiais e câmbio, não há perspectivas de melhoria do cenário antes da próxima safra de inverno, daqui há quase um ano.

Abaixo segue o gráfico da variação de preços do trigo no período entre 09/11 e 06/12/2012.


Fonte: CEEMA – Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário.

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